16 de mai. de 2012

Alfabetização e Letramento


RESUMO

Muito se tem dito sobre letramento, mas o que é letramento afinal, letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno, o letramento tem como objeto de reflexão, de ensino, ou de aprendizagem os aspectos sociais da língua escrita. Assumir como objetivo o letramento no contexto do ciclo escolar implica adotar na alfabetização uma concepção social da escrita, em contraste com uma concepção tradicional que considera a aprendizagem de leitura e produção textual como a aprendizagem de habilidades individuais. Palavras chaves: Letramento. Alfabetizar. Aspectos Sociais.

1. INTRODUÇÃO


O termo letramento foi escolhido por ser um termo novo que surgiu nos últimos anos entre os pensadores da educação. A princípio, o termo letramento se confundiu com alfabetização, no entanto o Ietramento está acima da alfabetização, pois ele não ocorre apenas durante determinado tempo da vida do individuo, ele acontece antes e durante a alfabetização e continua para todo o sempre. Sendo assim este artigo tem como objetivo esclarecer o que é letramento e qual a sua importância para a sociedade. Para realização do estudo foram utilizadas referencias bibliográficas de escritores que dissertam sobre o tema.

2. O LETRAMENTO E A ALFABETIZAÇÃO


O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, de acordo com Magda Becker Soares (2003), designa práticas de leitura e escrita. A entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Além disso, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita.

A pergunta estruturadora/estruturante do planejamento das aulas tem que ser: quais os textos significativos para o aluno e para sua comunidade, em vez de: qual a sequência mais adequada de apresentação dos conteúdos (geralmente, as letras para formarem sílabas, as sílabas para formarem palavras e das palavras para formarem frases).

De acordo com Ângela kleiman (2005) Determinar o que é um texto significativo para a comunidade implica, por sua vez, partir da bagagem cultural diversificada dos alunos, que, antes de entrarem na escola, já são participantes de atividades corriqueiras de grupos sociais que, central ou perifericamente, com diferentes modos de participação (mais ou menos autônomos, mais ou menos diversificados, mais ou menos, prestigiados), já pertencem a uma cultura letrada.

A atividade que envolve o uso da língua escrita (um evento de letramento) não se diferencia de outras atividades da vida social: é uma atividade coletiva e cooperativa, porque envolve vários participantes, com diferentes saberes, que são mobilizados segundo interesses, intenções e objetivos individuais e metas comuns.

Já a prática de uso da escrita dentro da escola envolve prioritariamente a demonstração da capacidade individual de realizar todos os aspectos de todas as atividades, seja: soletrar, ler em voz alta, responder a perguntas oralmente ou por escrito, escrever uma redação ou um ditado.

Magda Becker Soares (2003) defende que, para a adaptação adequada ao ato de ler e escrever, é preciso compreender, inserir se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura. O letramento compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de convívio e hábito de utilização da leitura e da escrita.

3. O LETRAMENTO COMO OBJETIVO DA AÇÃO PEDAGÓGICA


Segundo Ângela Kleiman (2005) a partir do momento em que o letramento do aluno é definido como o objetivo da ação pedagógica, o movimento será da prática social para o conteúdo, nunca o contrário.

A prática social é possível quando sabemos como agir discursivamente numa situação, ou seja, quando sabemos qual gênero do discurso usar; por isso é natural que essas representações ou modelos que viabilizam a comunicação na prática social os gêneros sejam unidades importantes no planejamento. Isso não significa, entretanto, que a atividade da aula deva ser organizada em função de qual gênero ensinar.

Exemplificamos a diferença: se as crianças estão intrigadas pela extinção dos dinossauros, pode ser que seus interesses façam com que se aventurem pela Internet, leiam verbetes de enciclopédias, visitem um museu de ciências, entrevistem um cientista. Para realizar essas iniciativas, terão de adquirir familiaridade com a leitura de hipertextos, de verbetes, com a produção de questionários, pois é a familiaridade com esses gêneros o que permitirá que elas realizem essas atividades. E o professor poderá, ao guiá-las na leitura e produção de textos pertencentes a esses gêneros, chamar a atenção, explicar, exemplificar as características dos textos, ou da língua, ou das palavras que os formam. Tudo isso é bem diferente de definir, de antemão, que nesse ano, serão ensinados os textos interativos (blog, email, texto informativo em forma de hipertexto entre outros), verbete e entrevista.

Apesar das práticas homogeneizadoras ensinadas/aprendidas na escola, é importante incentivarmos nossos alunos a aportarem suas compreensões diversas, provenientes exatamente das experiências e aprendizagens extremamente variadas por que passaram, antes mesmo de ocuparem os bancos escolares. A avaliação de todo esse processo abre um campo importante para o professor pesquisar as práticas próprias do grupo a que pertencem seus alunos e para refletir sobre o valor e a necessidade de algumas aprendizagens, que às vezes negam a cultura de um grupo ou entram em conflito com ela.

4.  A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NA PRATICA SOCIAL


Ainda de acordo com Ângela Kleiman (2005) É evidente que o papel do professor muda sob esta perspectiva de alfabetização e letramento como prática social. Uma grande vantagem do enfoque socialmente contextualizado é a autonomia que ele ganha no planejamento das unidades de ensino e na escolha de materiais didáticos.

O professor volta a ser o profissional que decide sobre um curso de ação com base em sua observação e seu diagnóstico da situação. É ele que deverá decidir questões relativas à seleção dos materiais, saberes e práticas que se situam entre o local, o aplicado e o funcional à vida dos alunos e da comunidade e o socialmente relevante, que um dia poderá ser utilizado para melhorar o futuro do próprio aluno e de seu grupo.

O professor precisa ter autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que pode e deve fazer parte do cotidiano da escola, porque é legítimo e/ou imediatamente necessário, e, por outro lado, sobre a exclusão daqueles conteúdos desnecessários e irrelevantes para a inserção do aluno nas práticas letradas que, parece-nos, persiste por inércia e tradição. Finalmente, é importante também que haja uma negociação daquilo que pode não interessar momentaneamente ao aluno, mas precisa ser ensinado pela sua real relevância em nossa cultura e sociedade.

5. AS TRANSFORMAÇOES QUE PRECISAM ACONTECER NO CONTEXTO EM QUE SE DÁ A PRÁTICA SOCIAL


O contexto em que se dá a prática social, precisa ser transformado. Não é possível levar a sério a heterogeneidade se os alunos não têm como se reunir em pequenos grupos para desenvolver atividades diferenciadas. A sala de aula deve contemplar espaços bem equipados para as atividades de toda a turma, como as rodas de leitura, para a atividade individual, para as atividades em pequenos grupos.

Suas paredes devem se constituir em murais atrativos, renováveis periodicamente segundo as necessidades e interesses do grupo. O acervo da biblioteca deve ser significativo e estar acessível à criança. Convivendo num ambiente enriquecido pela escrita um ambiente letrado mesmo o professor de formação tradicional poderá aos poucos refletir sobre como propiciar atividades que, de fato, contribuam para o letramento de seu aluno, sobre como fazer e registrar as observações avaliativas, tanto para diagnosticar como para mensurar aprendizagem. E ele virá talvez, nesse percurso reflexivo de letramento e autoformarão, a abandonar atividades que só lhe permitem preocupar-se com o tema da redação que seguirá a atividade de ler, ou com a entonação, postura correta e respeito à pontuação durante a leitura.É importante lembrar que ensinar a ler e escrever não é uma questão técnica, é uma questão política, conforme Paulo Freire sempre insistiu. Não atuamos no vácuo.

Para finalizar, lembremos a dimensão política das questões mais importantes levantadas:

a) Partir das funções da escrita na comunidade, o que significa, entre outras medidas, distanciar-se de crenças arraigadas sobre a escrita (como a superioridade de toda prática letrada sobre a prática oral); aprender e ensinar a conviver com a heterogeneidade; valorizar o singular.

b) Funcionar como interlocutor privilegiado entre grupos com diferentes práticas letradas e planejar atividades que tenham por finalidade a organização de (e a efetiva participação em) eventos letrados próprios das instituições de prestígio: escrever um livrinho e, em função dessa produção, organizar seu lançamento para a comunidade escolar e do entorno, organizar uma noite de autógrafos, fazer uma exposição de artes (um vernissage), organizarem uma palestra sobre literatura (uma tertúlia), uma sessão de leitura de poemas (sarau); assistir a uma peça teatral; dialogar (oralmente e por escrito) com autores, editores.

c) Lembrar que os usos da linguagem não são neutros em referência às relações de poder na sociedade, evitando contribuir para a desigualdade e a exclusão.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Por muito tempo a escola alfabetizou utilizando a simples junção de letras como B com A, BA, B com E, BE e assim por diante, no entanto no decorrer do tempo viu-se a necessidade de alfabetizar utilizando conteúdos que fizessem parte da vida do individuo, surgiu assim o letramento, que nada mais é do que a preocupação com a inserção dos gêneros significativos que estão a todo tempo na vida do individuo.

A inserção destes conteúdos se faz necessário, pois muitas pessoas não sabem sequer formular um currículo e este só é mais um dos exemplos da importância do letramento, além disso, neste trabalho buscou-se explicar que o professor é o principal articulador e mediador deste novo conceito, pois será ele quem decidira sobre quais os conteúdos importantes para que o individuo se transforme e transforme a sociedade na qual esta inserido.

Portanto esta pesquisa alcançou seu objetivo que foi explicar o que é letramento e qual a sua importância para a sociedade. Vale ressaltar que o tema é amplo e que o conhecimento se faz necessário.

7. REFERENCIAS


KLEIMAN, Ângela B. (2005). Preciso ensinar o letramento? Não basta ensinar a ler e escrever? Cefiel/Unicamp & MEC.SOARES, Magda B.(29/08/2003) As diferenças entre letramento e alfabetização. Jornal Diário do Grande ABCFREIRE, Paulo (1976). Ação cultural para a liberdade. R.J.: Paz e Terra.


POEMA SOBRE O QUE É LETRAMENTO:

 

SOBRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:










MAIS UM TEXTO PARA QUEM, CURIOSAMENTE, QUER SABER SOBRE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

 
Letramento é uma tradução para o português da palavra inglesa “literacy” que pode ser traduzida como a condição de ser letrado. Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado. Alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado é aquele que sabe ler e escrever, mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando, é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado. A linguagem é um fenômeno social, estruturada de forma ativa e grupal do ponto de vista cultural e social. A palavra letramento é utilizada no processo de inserção numa cultura letrada.
 

Nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora a palavra literacy já constasse do dicionário desde o final do século XIX, foi nos anos 80 , que o fato tornou-se foco de atenção e de estudos nas áreas da educação e da linguagem. No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se confundem. A discussão do letramento surge sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que tem levado, a uma inadequada e imprópria síntese dos dois procedimentos, com prevalência do conceito de letramento sobre o de alfabetização. Não podemos separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da escrita se dá concomitantemente por meio desses dois processos: a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita , o letramento.


O conhecimento das letras é apenas um meio para o letramento , que é o uso social da leitura e da escrita. Para formar cidadãos atuantes e interacionistas, é preciso conhecer a importância da informação sobre letramento e não de alfabetização. Letrar significa colocar a criança no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização.


Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo ou grupos de individuos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. “Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo”. TFOUNI, Leda Verdiani.

A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas. Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa, fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama. Letramento é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem podemos ser.


Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO






















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